quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Insolidez...


Hoje em dia a pizza vem congelada, a roupa lava sozinha, o Mc Donalds entrega em casa, e o filme não precisa mais rebobinar. Ninguém abre a Barsa pra fazer um trabalho, cada um tem seu celular, e é tudo tão cômodo que a gente até se esqueceu que nem sempre foi assim. A tecnologia nos deu um mundo novo: mais rápido, mais fácil e, antes de mais nada, passageiro. O Hotmail rasga automaticamente as minhas cartas, as fotos somem sempre que o computador estraga, todo mês a Claro lança quatro ou cinco modelos diferentes de celulares. Estranho? Claro que não. Já estamos tão acostumados que mal percebemos a insolidez e instantaniedade das coisas. E não é à toa. Nos vestimos assim, comemos assim, e o mais triste: nossos relacionamentos também são assim. A minha geração inventou o "ficar" e admite tranqüilamente sexo sem compromisso. Diferente da minha mãe, eu não preciso namorar pra beijar na boca, nem casar pra deixar de ser virgem e, se aos 13 eu me sentia em vantagem, hoje, três anos depois, eu começo a admirar aqueles tempos. Para onde foi o sentimento mútuo e verdadeiro, as flores, as declarações? Pra onde foram as pessoas que acreditavam nisso tudo? O que aconteceu com a intimidade, com o respeito e a confiança? Será que ninguém mais acredita na felicidade calma das terças-feiras chuvosas, na alegria constante de se querer quem se tem? A verdade é que eu cansei dessas competições infames de “quem demora mais pra responder o telefonema”, chega desse teatro infantil do “vou fingir que eu não vi”. O amor é um jogo esquisito, em que só se ganha quando dá empate. Não quero sair por cima, muito menos sair por baixo, o que eu quero é sair ao lado. Eu quero sentir alguma coisa por alguém. O consumismo nos induz a um estado de insatisfação permanente, que aplaude o digital e o descartável e abomina tudo o que é eterno e trabalhoso. Talvez seja por isso que a idéia de amar me assuste tanto: a concepção de um sentimento duradouro e complicado contraria os valores vigentes, tornando-nos confusos e vulneráveis. É fácil conquistar uma menina por uma noite, é fácil ser atraído por um decote, difícil é querer estar com ela o tempo todo, difícil é não ter medo de ser feliz! Eu posso parecer indiferente e até fria, simplesmente não tenho outra opção, enquanto a Internet não disponibiliza uma versão melhor, enquanto não expõem nos mercados versões antigas pra que todos se sintam iguais eu fico com esse meu coração de sempre, que acaba acreditando em romances express, e se contenta com amostras grátis de amor.

2 comentários:

Lanz. disse...

C-A-R-A-C-A

Perfeito Rhaah,perfeito.Amei meeeesmo esse texto,cara e vc é minha aluna. *-*
Muuuuuito massa esse pensmento.
Mas enquanto isso, a felicidade descartável reina no mundo ;/
Beeeijo
=**

Hanne. disse...

Genteeee!
Que texto heim!
Meu parabéns vc é uma garota mt talentosa. Admiro mt o seu jeito de ser viu! Personalidade em primeiro lugar!

Bjo flor*